DESDE SEMPRE EM GRUPO
O mundo é um grande grupo e um grupo é um pedaço da vida, um processo de encontro entre pessoas.
O ser humano é desde sempre um ser de relação, nascendo, tornando-se pessoa e experimentando suas infinitas possibilidades dentro de um grupo. Ele torna-se sujeito na relação com o outro.
Desde o seu nascimento, ele participa de diferentes grupos numa constante dialética entre a busca de sua identidade e a necessidade de uma identidade grupal.
O primeiro grupo natural que existe em todas as culturas é a família, sendo a mãe aquele primeiro outro que marca o existir de seu filho a partir da forma como acolhe suas demandas e dá continente às suas necessidades, angústias e emoções. Depois da mãe, outras pessoas começam a fazer parte do mundo relacional do bebê e as marcas destes encontros ficam registradas e estarão presentes, de alguma forma, no adulto que ele se tornará.
O grupo é o lugar natural de todas as pessoas. Lugar de socialização, de compartilhamento, de acolhimento e de descobrimento. A saúde emocional depende muito da forma como a pessoa vivencia as diversas relações que estabelece com os primeiros outros no início de sua vida. Se, na base da estrutura, as vivências relacionais foram afetivamente empobrecidas, este padrão tenderá a se repetir, levando ao aprisionamento de experiências emocionais e a comportamentos defensivos que impedem a experimentação de verdadeiros encontros.
GRUPO TERAPÊUTICO: COMO ELE AJUDA AS PESSOAS
A importância da grupalidade na trajetória do ser humano ao longo de seu processo civilizatório é uma força motor para a proposição de uma psicoterapia que aborde os conflitos dentro de um contexto grupal.
Participar de um grupo terapêutico é promover o crescimento e a mudança pessoal através do aprimoramento da qualidade dos relacionamentos. Se o adoecimento acontece dentro das relações, é também através delas que a saúde emocional pode se reestabelecer através da empatia, do afeto e da troca que acontece no grupo. O sujeito adoecido está em desequilíbrio físico, emocional e relacional. Pensar grupo é pensar em reestruturar as redes relacionais e recolocar este sujeito adoecido no centro das relações.
A psicoterapia de grupo é facilitadora do processo de mudança porque permite múltiplas transferências – deslocamentos de sentimentos originalmente experimentados em relação a figuras significativas da infância para outras pessoas, no caso o terapeuta e os membros do grupo. O tratamento em grupo se mostra bastante eficaz principalmente pela existência desta rede de comunicação sustentada nas transferências cruzadas (transferência parental, fraternal, grupal e outras) que permite aos pacientes reexperimentarem antigas e mal resolvidas experiências emocionais no aqui-e-agora da relação grupal.
COMO TRABALHAMOS
Antes de entrar para o grupo, o paciente passa por duas entrevista para que seja feita a avaliação de sua adequação a este tipo de tratamento e a preparação para sua entrada no grupo.
O grupo com o qual trabalhamos encontra-se uma vez por semana por um período de duas horas, é composto por no máximo oito membros, tem duração limitada (60 sessões) e funciona em regime semiaberto. Ao final da data prevista para o término, uma avaliação é feita por todos os membros através da qual fica aberta a possibilidade de se prosseguir por mais um período. Propomos um intervalo de 4/6 semanas para os pacientes antigos e sugerimos que eles refaçam suas demandas para o novo grupo que começará com alguns membros antigos e outros novos.
Durante o processo grupal, os terapeutas fazem intervenções, interpretações, esclarecimentos e salientam fatos que estão ocorrendo com o objetivo de possibilitar ao grupo o aprofundamento do conhecimento sobre si próprio. Fazemos uso de algumas dinâmicas e de experiências vivenciais e incorporamos algumas propostas corporais e psicodramáticas.
Por fim, deixamos com vocês a ideia de que o grupo pode se tornar, dentro de um curto período de tempo, um lugar de experiência social, de aprendizagem, de troca, um espaço de vivências e emoções relacionais, de compreensão dos outros, de afirmação de si mesmo com suas diferenças e singularidades enriquecedoras, um espelho do mundo que mostra e torna reconhecíveis as diferentes formas de reações e sentimentos humanos. As sessões de grupo desencadeiam a “arte do contato dialogal”, a fim de que os pacientes possam aplicar na sua vida esta nova capacidade conquistada no espaço terapêutico.